Doce,
é o sabor que me adoça os lábios,
e amargo,
o coração.
Palavras erradas,
vergonha de mim,
de ter o contorno, a cor e o sabor,
mas enfim…
De dois fica zero,
um é nada, e o outro uma enseada.
Corto-me,
pior que a carne,
na alma,
no silêncio de um julgamento,
lamento.
Atrasado, vou chegando,
e quebrando,
e cada embarque,
é um além,
de mais um pôr da dor.
O ali passa,
e tudo parece tarde,
num dia que começou,
e cada instante,
atrasou.
Nem o abraço,
nem a porra de um papel,
viraram mel.
Apenas nos lábios,
de quem engano,
e naquele pano.
No seio, um desvaneio,
um irracionalidade desmedida,
mentida,
perdida.
Vergonha, estas letras,
de tetas,
puro leite de um deleite,
orgulho de mim,
de nojo…
Sei que é espada,
e tudo de nada,
mas cruzo o tear,
numa deriva de um estar.
Entre ilusões, verdades,
e visões,
estremeço e pereço,
na que rejeito,
e cada vez menos enfeito.
O agora não é aqui,
não a colher que cai,
se vai,
mas apenas quando adormeço a acordo,
e no astral,
sorrio, e sou real.
E converso, e voo, e abraço,
e no demais esqueço-me,
assim que estremeço,
e acordo,
naquela carne que me prende.
Mas é assim, como ninho que se entrelaça,
e no instinto daquele que o faz,
e é assim que carrego,
esta carne que me ensina e muitas vezes me domina,
que me liberta do espinho,
e me faz acordar no cimo.
Colho o adeus no agora,
numa ausência de tanto,
de um dia-a-dia de pranto,
e jaz a noite,
o fechar,
o ir,
e o não querer voltar.
O chamado morrer,
na verdade, viver.
E tudo voltou…
O grito que emana,
e clama,
é agora,
um desesperante semblante,
de um navio que já á deriva,
segue na arriba,
para o fim.
O fim do inicio.
O céu chora,
e tecemos teias, justas e feias,
de que um dia plantámos,
o que agora acordámos.
Somos isto,
um dia mais,
mas agora isto.
No abismo, rasgam-se as carnes,
preparam-se os caixões,
os necessários,
para algo florescer,
e renascer.
Quebram-se os orgulhos,
ferem-se os que ainda lutam,
achando injustiça, naquela,
que vem justa,
e prante o ilustra,
de quem viu partir,
e ressurgir.
Ainda pompeiam,
os que devaneiam,
em sulcos de certeza,
e de pútrida nobreza.
Mas podem tecer mantos,
entoar prantos,
melodias e idolatrias,
mentiras de verdade,
que o que está,
e não vemos,
tudo trará,
e seremos.
Nus de mãos,
tecerão a morte,
e acordarão na vida,
e nesta,
verão uma alma,
aquela que pouco adornada,
será vaiada,
e crucificada.
Cantaremos juntos,
gritos de dor,
alguns de amor,
e muitos, acordarão em desespero,
e vislumbre,
de que o que colhiam,
era nada,
no que seriam.