Quarta-feira, 8 de Setembro de 2021

Deriva

Doce,

é o sabor que me adoça os lábios,

e amargo,

o coração.

Palavras erradas,

vergonha de mim,

de ter o contorno, a cor e o sabor,

mas enfim…

De dois fica zero,

um é nada, e o outro uma enseada.

Corto-me,

pior que a carne,

na alma,

no silêncio de um julgamento,

lamento.

Atrasado, vou chegando,

e quebrando,

e cada embarque,

é um além,

de mais um pôr da dor.

O ali passa,

e tudo parece tarde,

num dia que começou,

e cada instante,

atrasou.

Nem o abraço,

nem a porra de um papel,

viraram mel.

Apenas nos lábios,

de quem engano,

e naquele pano.

No  seio, um desvaneio,

um irracionalidade desmedida,

mentida,

perdida.

Vergonha, estas letras,

de tetas,

puro leite de um deleite,

orgulho de mim,

de nojo…

Sei que é espada,

e tudo de nada,

mas cruzo o tear,

numa deriva de um estar.

publicado por flipe às 23:46
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Terça-feira, 27 de Julho de 2021

Ilusão

Entre ilusões, verdades,

e visões,

estremeço e pereço,

na que rejeito,

e cada vez menos enfeito.

O agora não é aqui,

não a colher que cai,

se vai,

mas apenas quando adormeço a acordo,

e no astral,

sorrio, e sou real.

E converso, e voo, e abraço,

e no demais esqueço-me,

assim que estremeço,

e acordo,

naquela carne que me prende.

Mas é assim, como ninho que se entrelaça,

e no instinto daquele que o faz,

e é assim que carrego,

esta carne que me ensina e muitas vezes me domina,

que me liberta do espinho,

e me faz acordar no cimo.

Colho o adeus no agora,

numa ausência de tanto,

de um dia-a-dia de pranto,

e jaz a noite,

o fechar,

o ir,

e o não querer voltar.

O chamado morrer,

na verdade, viver.

publicado por flipe às 00:20
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Sábado, 23 de Janeiro de 2021

E tudo voltou…

E tudo voltou…

O grito que emana,

e clama,

é agora,

um desesperante semblante,

de um navio que já á deriva,

segue na arriba,

para o fim.

O fim do inicio.

O céu chora,

e tecemos teias, justas e feias,

de que um dia plantámos,

o que agora acordámos.

Somos isto,

um dia mais,

mas agora isto.

No abismo, rasgam-se as carnes,

preparam-se os caixões,

os necessários,

para algo florescer,

e  renascer.

Quebram-se os orgulhos,

ferem-se os que ainda lutam,

achando injustiça, naquela,

que vem justa,

e prante o ilustra,

de quem viu partir,

e ressurgir.

Ainda pompeiam,

os que devaneiam,

em sulcos de certeza,

e de pútrida nobreza.

Mas podem tecer mantos,

entoar prantos,

melodias e idolatrias,

mentiras de verdade,

que o que está,

e não vemos,

tudo trará,

e seremos.

Nus de mãos,

tecerão a morte,

e acordarão na vida,

e nesta,

verão uma alma,

aquela que pouco adornada,

será vaiada,

e crucificada.

Cantaremos juntos,

gritos de dor,

alguns de amor,

e muitos, acordarão em desespero,

e vislumbre,

de que o que colhiam,

era nada,

no que seriam.

publicado por flipe às 12:27
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